A final da Copa do Mundo de 1950, disputada no Maracanã, no Rio de Janeiro, ficou marcada como um dos maiores traumas do futebol brasileiro. O episódio, que até hoje é lembrado com pesar e reverberações na cultura esportiva do país, ficou conhecido como o “Maracanazo”. Mas você sabe por que esse termo foi criado para definir aquele jogo fatídico entre Brasil e Uruguai?
Os preparativos para a Copa do Mundo de 1950
O caminho para o Mundial de 1950 começou ainda em 1938, após a Copa do Mundo na França. A FIFA já estudava candidaturas para sediar o Mundial de 1942, com Argentina, Alemanha e Brasil como principais concorrentes. Contudo, a Segunda Guerra Mundial interrompeu os planos e fez com que as edições de 1942 e 1946 fossem canceladas.
Em 1947, a FIFA decidiu que a próxima Copa seria em 1950 e, apesar da Argentina ter sido favorita para sediar o torneio, o Brasil assumiu a organização, sendo o único país disposto a receber a competição naquele contexto pós-guerra.
Outro fator importante foi o formato de disputa, que destoava dos modelos anteriores. A competição começaria com grupos, mas sem as fases eliminatórias tradicionais na sequência. Os vencedores de cada grupo avançariam para um quadrangular final, onde o campeão seria aquele com mais pontos. Essa decisão foi fundamental para o desenrolar da final e do “Maracanazo”.
A expectativa em torno da Seleção Brasileira
A Seleção Brasileira chegou para o Mundial de 1950 sob intenso escrutínio da imprensa e torcida. Desde 1944, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) adotava um plano de longo prazo, liderado pelo técnico Flávio Costa. Mesmo assim, o time acumulava vice-campeonatos em competições sul-americanas e enfrentava duras críticas sobre o estilo de jogo e escolhas táticas.
Entre as críticas, havia também disputas regionais entre imprensa paulista e carioca, que questionavam as convocações e a formação do meio-campo, acirrando ainda mais a pressão sobre a equipe.
A campanha da Copa do Mundo e a fase final
Na fase inicial, o Brasil enfrentou México, Suíça e Iugoslávia. Depois de uma goleada por 4 a 0 contra o México e uma vitória apertada sobre a Iugoslávia, o empate em 2 a 2 contra a Suíça causou vaias da torcida. No entanto, o time avançou para o quadrangular final, onde enfrentaria Suécia, Espanha e Uruguai.
Nas primeiras rodadas da fase decisiva, o Brasil fez apresentações impressionantes: venceu Suécia por 7 a 1 e Espanha por 6 a 1, consolidando-se como favorito absoluto ao título. O Uruguai, por sua vez, teve dificuldades para superar seus adversários, empatando com a Espanha e vencendo a Suécia.
O “Maracanazo”
Chegando à última rodada, Brasil e Uruguai entraram em campo no Maracanã com a vantagem clara para os brasileiros: bastava um empate para conquistar o título. A expectativa era de uma festa histórica para o futebol nacional, com mais de 200 mil torcedores nas arquibancadas.
No entanto, o que se viu foi um choque inesperado. O Uruguai abriu o placar, o Brasil empatou, mas o gol decisivo foi marcado pelo atacante Alcides Ghiggia, que calou a torcida e decretou a vitória por 2 a 1 para o Uruguai. A derrota no Maracanã ficou para a história como o “Maracanazo” — termo que simboliza a enorme decepção e o baque sofrido pelo futebol brasileiro, em um dos maiores estádios do mundo e diante de sua torcida.
Legado e repercussão
O “Maracanazo” não foi apenas uma derrota esportiva; tornou-se um trauma nacional, influenciando a identidade do futebol brasileiro e moldando gerações. A tragédia impulsionou mudanças no planejamento, na preparação e na mentalidade da Seleção para futuras competições.
Até hoje, o episódio é lembrado como um marco que mostra a imprevisibilidade do futebol e a importância de lidar com as pressões internas e externas em momentos decisivos.