
O novo formato do Mundial de Clubes da FIFA nem bem começou e já atrai críticas contundentes do alto escalão do futebol europeu. Javier Tebas, presidente da La Liga, se posicionou de forma veemente contra a realização da competição nos Estados Unidos, que teve início no último sábado (14). Em declaração oficial, o dirigente espanhol apontou sérios problemas relacionados ao calendário e aos impactos diretos sobre a saúde e o desempenho dos jogadores.
Segundo Tebas, o Mundial, que agora reúne 32 equipes e acontece no meio do ano, “sacrifica o bem-estar dos atletas em nome de interesses comerciais”. O presidente da liga espanhola argumenta que o curto intervalo entre o fim da temporada europeia — encerrada com a final da Champions League entre PSG e Inter de Milão, disputada há apenas duas semanas — e o início do torneio da FIFA é um desrespeito ao ciclo de recuperação necessário para os profissionais.
“O que estamos vendo é um ataque direto ao equilíbrio do futebol. Os atletas saem de uma temporada desgastante e já são jogados em outra competição de alto nível, sem tempo adequado de descanso ou preparação. Isso não é sustentável”, disparou Tebas.
A partida de abertura, entre Al Ahly (Egito) e Inter Miami (Estados Unidos), marcou o pontapé inicial do novo modelo de competição. Porém, mesmo antes da bola rolar, a logística e o cronograma já vinham sendo alvo de críticas por parte de clubes, treinadores e entidades nacionais — especialmente na Europa, onde o calendário já é apertado.
Tebas também fez questão de criticar a centralização de decisões por parte da FIFA e a falta de diálogo com as ligas nacionais. “Esse formato não passou por um verdadeiro debate com as principais ligas. É uma imposição. A FIFA está tentando se transformar na organizadora principal do futebol de clubes global, atropelando as estruturas que sustentam o esporte no dia a dia”, completou.
O dirigente espanhol defende que o futebol mundial precisa de reformas estruturais no calendário, mas que isso deve ser feito com equilíbrio, diálogo e foco nos protagonistas: os jogadores.
Enquanto isso, o Mundial segue em solo norte-americano com grandes clubes em campo, como o próprio PSG, Inter de Milão, Manchester City, Palmeiras e outros campeões continentais. A expectativa da FIFA é transformar o evento em uma espécie de “Copa do Mundo de Clubes”, com mais visibilidade global e retorno financeiro, algo que, para Tebas, coloca os interesses comerciais acima do esportivo.
A fala do presidente da La Liga reforça a crescente tensão entre as federações internacionais e as ligas nacionais, um embate que promete se intensificar à medida que os calendários continuam a se sobrepor.