
Quem acompanha o dia a dia da Confederação Brasileira de Futebol sabe que as coisas por lá são muito dinâmicas. A certeza de hoje pode ser a dúvida de amanhã ou a negativa de logo mais. O parceiro de empreitada pode se tornar inimigo na reunião seguinte, a depender de uma ou outra decisão. Oito vice-presidentes eleitos numa chapa chamada “de consenso” podem, na verdade, ser apenas um arranjo para garantir alguma estabilidade na hora da votação, e não necessariamente na semana posterior à eleição. Dizer não a um presidente, qualquer que seja ele, é ficar na iminência de se tornar persona non grata. E é exatamente por tudo isso que a contratação de Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira é ainda mais grandiosa. O italiano era o nome dos sonhos do presidente Ednaldo Rodrigues desde dezembro de 2022, quando Tite deixou o cargo após a Copa do Mundo do Catar. Foi anunciado finalmente neste 12 de maio, após 30 meses, o que incluiu uma renovação de assinatura com o Real Madrid no meio do caminho. E Ancelotti negociou esse tempo todo, inclusive nestes primeiros meses de 2025, nos termos que sempre quis, a ponto de ligar para Ednaldo no início do mês e colocar os pingos nos is na negociação. Quinze anos atrás, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, havia escolhido Muricy Ramalho para comandar a Seleção Brasileira para o ciclo da Copa do Mundo de 2014. Encontrou-se com o treinador no Rio e saiu de lá falando que Muricy era o novo técnico. No dia seguinte, o treinador anunciou que ficaria no Fluminense. Nunca mais foi chamado para qualquer cargo na CBF. Imagine, então, cozinhar uma negociação por dois anos e meio, como fez Carlo Ancelotti!