
O atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, teve uma vitória importante fora dos gramados nesta segunda-feira (16). O Tribunal Provincial de Madri emitiu a sentença contra quatro torcedores do Atlético de Madrid envolvidos em um dos episódios mais emblemáticos de racismo e ódio no futebol espanhol nos últimos anos.
Os réus foram responsabilizados pelo ato de pendurar um boneco inflável com a camisa do jogador em uma ponte próxima ao centro de treinamento do Real Madrid, em Valdebebas, em janeiro de 2023. Ao lado do boneco, havia uma faixa com os dizeres “Madrid odeia o Real”, reforçando o teor ameaçador da ação. A encenação simulava o enforcamento do atacante brasileiro e provocou ampla repercussão internacional.
Sentença Histórica
A Justiça espanhola classificou o ato como crime de ódio com motivação racista e condenou os quatro envolvidos a oito meses de prisão, além da proibição de frequentar estádios de futebol por dois anos. A sentença destacou o caráter discriminatório e violento da ação, apontando que o episódio ultrapassou os limites da rivalidade esportiva, configurando “um ataque à dignidade de uma pessoa em função de sua origem e cor de pele”.
Durante o julgamento, os acusados confessaram participação no ato e expressaram arrependimento. No entanto, o Ministério Público e a acusação particular — com apoio do próprio Real Madrid e de instituições antirracistas — reforçaram que a confissão não diminui a gravidade do crime.
Vini Jr. Reage
Em sua conta oficial nas redes sociais, Vinícius Júnior se manifestou logo após a divulgação da sentença:
“A justiça foi feita. Não é sobre mim, é sobre todos que já foram calados. Que sirva de exemplo para que o racismo não passe impune. Vamos continuar lutando.”
O jogador, que tem sido um dos principais nomes na luta contra o racismo no futebol europeu, recebeu o apoio de colegas, clubes e organizações internacionais. A LaLiga, por sua vez, comemorou a decisão, classificando-a como “um marco no combate ao racismo nos esportes”.
Repercussão Internacional
A condenação gerou ampla repercussão. Entidades como a FIFA, UEFA e a Anistia Internacional destacaram a importância do caso como precedente jurídico. “Pela primeira vez, a justiça espanhola aplica punições concretas e proporcionais a torcedores envolvidos em um ato de ódio racial explícito dentro do contexto esportivo”, afirmou a Human Rights Watch em comunicado.
Contexto: Racismo Recorrente
O episódio de 2023 foi apenas um entre vários casos de ataques racistas sofridos por Vini Jr. desde sua chegada à Espanha. Em diversas partidas, principalmente fora do Santiago Bernabéu, o jogador foi alvo de insultos, gestos e gritos imitando macacos. A atuação lenta das autoridades espanholas à época gerou críticas de todo o mundo, incluindo da ONU.
A partir de então, Vini Jr. se tornou uma voz ativa contra o racismo no esporte. Fundou uma ONG no Brasil para combater a discriminação e passou a pressionar federações e governos por respostas mais enérgicas.
Conclusão
A decisão do Tribunal Provincial de Madri é considerada uma virada simbólica e legal na luta contra o racismo na Espanha. Embora ainda haja muito a avançar, o caso Vini Jr. marca um ponto de inflexão — mostrando que manifestações de ódio e intolerância podem, e devem, ser punidas com rigor.
Essa sentença é mais do que uma reparação: é um aviso claro de que o racismo, mesmo disfarçado de rivalidade esportiva, não terá espaço no futebol moderno.